sábado, 2 de janeiro de 2010

Recordações de Infância


Da minha infância guardo a imagem da casa, onde fui muito feliz. Foi a 1ª casa que tenho memória que morei. Não era grande, não tinha piscina, nem cavalos, nem coisa que o valha, era uma casa simples, mas ainda hoje guardo com saudade a expressão dos sorrisos que tantas vezes larguei, corria naqueles 2 grandes pátios, umas vezes na minha bicicleta cor de rosa, que os meus avós assim que souberam que iam ter uma neta, fizeram questão de a trazer da França, com todo o carinho e a cor: em rosa, pois claro!
Fui muito feliz, não a passei agarrada a um computador, aliás nem tinha. Passei-a a viver a descobrir, vivi-a, senti-a.
No Verão, enchia um alguidar enorme e resistente, ao qual chamava piscina, pois para o meu tamanho era ideal para mim, com àgua de manhã, para a tarde estar na temperatura certa. E eu , as minhas amigas, as bonecas, o cesto de frutas, e os sumos naturais ... faziamos a festa!
Recordo com saudade o canteiro, que florescia de morangos na altura deles, e eu me divertia tanto a vê-los crescer, amadurecer, e apanhá-los. O quintal, que tinha couves e que eu, na altura ainda não sabia bem a diferença entre alface e couve, e me divertia a fazer salada com ela.
O tanque, onde eu adorava lavar a roupa, e estendê-la. Houve mesmo uma altura em que a roupinha das bonecas já não era suficiente e comecei ajudar a minha mãe, nas tarefas domésticas, onde lavava também a roupa deles e a minha...que tempos bons. Claro está, que depois a minha mãe tinha que a meter novamente na máquina, mas fazia-o sem eu dar conta, para não quebrar a magia de eu me sentir capaz de o fazer.
O fim de tarde, quando o tempo o permitia, era passado a vestir-me com roupas da minha mãe, calçar uns sapatos com salto, encher-me de pulseiras, colares e tentar maquilhar-me . . .  de seguida, segurava em algo que me fizesse lembrar um microfone, ia para o pátio e cantava para os vizinhos. . .  cantava para mim.
E aquelas manhãs de Verão em que os meus pais,já estavam a trabalhar, e eu ia para o colchão que tinha num dos pátios e me deitava, olhando para o ceú, e aí construia histórias com as nuvens que os meus olhos contemplavam.
Recordo a minha vizinha do lado, era como se fosse parte da família, o aroma que vinha da casa dela, hum... um cheirinho delicioso a bolos e biscoitos. Eram únicos, e eu adorava prová-los ainda morninhos.
Ainda me lembro do choque que sofri, quando a minha melhor amiga, que morava do outro lado se mudou. Éramos como irmãs, a companhia uma da outra, e quando ela se mudou, fez-me tanta falta, que arranjei uma amiga imaginária, com a qual falava e me acompanhava sempre.
Não tinha horas, não vivia em stress, era tudo maravilhoso, encantador.
Foi uma infância feliz.
O aroma mais marcante, que guardo comigo, é da casa da minha avó paterna, onde à lareira, fazia torradas para mim e leite com café. Um leite com café, que nunca mais bebi em parte alguma.
Tinha tudo um sabor diferente, o sabor tipico da aldeia. Acolhedor e envolto em muita ternura.
Foi uma infância tranquila, fui muito feliz, e foi com essa mesma infância, que construi os alicerces, que me fizeram tornar na pessoa que sou hoje.

3 comentários:

  1. 'O quintal, que tinha couves e que eu, na altura ainda não sabia bem a diferença entre alface e couve, e me divertia a fazer salada com ela.'

    'O fim de tarde, quando o tempo o permitia, era passado a vestir-me com roupas da minha mãe, calçar uns sapatos com salto, encher-me de pulseiras, colares e tentar maquilhar-me . . . de seguida, segurava em algo que me fizesse lembrar um microfone, ia para o pátio e cantava para os vizinhos. . . cantava para mim.'


    Partilho dessas mesmas memórias!
    Minha doce e inocente infância, o aroma que mais guardo é sem dúvida o achocolatado que ainda hoje bebo.
    Eu apanhava as couves da horta dos meus avós, descuidadamente, mas nunca se chateavam comigo.
    Cantar e dançar, tendo em conta que os meus pais eram músico eu ia para o palco dos espectáculos dançar :$
    e cantar, era muito afinadinha! :D

    que saudades que me fizeste da minha infância!

    Desculpa, o comentário longo.
    A nossa inocência de criança, e as nossas boas memórias, já ninguém nos tira!

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  2. tenho a dizer que vc é muito criativa e me cativou, vou segui-lá!!!!

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  3. Gostei muito deste texto.
    Infelizmente, não conhcei nenhuma avó nem avô.
    Até breve!

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Tenho a dizer que ...